Floresta 4.0: Um sonho possível?

 

Entendendo a Indústria 4.0 para atingir a Floresta 4.0

O conceito de Floresta 4.0 está intimamente ligado ao da Indústria 4.0. O que ambos têm em comum é que são impulsionados pela inovação e automação nos processos do dia a dia.

Mas antes de falarmos em Floresta 4.0, vamos entender quando e porquê esse termo surgiu.

Em 2011, durante a “Hannover Messe”, a maior feira de tecnologia industrial, realizada anualmente na Alemanha, três engenheiros alemães, Henning Kagermann (um dos fundadores da SAP), Wolfgang Wahlster (professor de Inteligência Artificial) e Wolf Dieter Lukas (representante do governo Alemão) afirmaram que a Humanidade estava no início da “Quarta Revolução Industrial”. E para sintetizar a “Quarta Revolução Industrial”, lançaram mão do termo “Indústria 4.0”.

A Indústria 4.0 é um conceito que representa a automação industrial e a integração de diferentes tecnologias como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem com foco na digitalização das atividades industriais melhorando os processos e aumentando a produtividade.

Muitos são os benefícios alcançados com a implantação da indústria 4.0. Estudos indicam que o uso das tecnologias digitais na indústria, permitiram aumentar em 22%, em média, a capacidade produtiva de micro, pequenas e médias empresas dos segmentos de alimentos e bebidas, metalmecânica, moveleiro, vestuário e calçados.

Muitos ainda acreditam que falar de indústria 4.0 é falar de ferramentas complexas, caras, e restritas a grandes empresas com atuação internacional. No entanto, percebe-se o impacto na produção do mercado com o uso de ferramentas de baixo custo, como: sensoriamento, computação em nuvem e Internet das Coisas (IoT).

Neste contexto, nenhum setor fica de fora. Não é só dentro das fábricas que a Indústria 4.0 acontece, ela é também uma tendência em crescimento no campo, nas plantações e florestas.

Um estudo da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE) mostra que o número de empresas do segmento que têm, desde 2018, aderido à inserção destes investimentos em suas estratégias de negócio, cresceu substancialmente, em projetos que abrangem da silvicultura à logística, passando, é claro, pela etapa industrial.

A indústria florestal tem sido tradicionalmente considerada como uma indústria de baixa tecnologia. Para Feng e Audy (2020), embora essa abordagem operacional florestal tradicional esteja se transformando ao longo dos anos com novas tecnologias, novas abordagens de gerenciamento, novos modelos de negócios e sistemas avançados de suporte à decisão, em geral as transformações têm sido lentas. Ou seja, ainda há campo para melhorias nos processos, permitindo maior controle, produtividade e redução de perdas com a implantação do conceito de Floresta 4.0.

 

 

Então, o que ainda falta?

Apesar dos inúmeros benefícios da silvicultura 4.0, essa ainda passa por certas dificuldades no Brasil. Um dos principais entraves é a comunicação, pois falta infraestrutura que permita conexão em todo território nacional. Sabe-se que as áreas cultivadas com floresta estão na zona rural, onde os telefones móveis e a internet, geralmente, não funcionam de forma eficaz (365FARM Net, 2017; BONNEAU et al., 2017).

O que se espera num cenário futuro é a completa automação das atividades, IoT aplicada a todas as operações e acesso ao 5G, o que permitirá a conectividade entre a floresta e a área estratégica. Para Massruhá (2015), espera-se que a mão-de-obra humana não será capaz de gerenciar a quantidade de dados gerados por todo o acervo de sensores da silvicultura 4.0, dessa forma, as técnicas de aprendizado de máquinas deverão assumir o gerenciamento dessas atividades. Os técnicos envolvidos com essas atividades precisarão se capacitar visando uma melhor inserção nesse contexto e, potencializar seus conhecimentos e formação adquiridos.

Todos os nossos trabalhos e ações no GT Qualidade caminham com esse objetivo, a busca por tecnologias que nos levem à Floresta 4.0. Nossas discussões, troca de experiências e projetos estão fortemente ligados à essa demanda de tecnologia aplicada a melhoria contínua, produtividade e excelência operacional.

Esperamos que essa matéria tenha contribuído com os seus conhecimentos sobre Floresta 4.0 e o quanto podemos evoluir nesse sentido.

Continue ligado no blog do GT Qualidade, aqui sempre temos novidades para você!

 

 

 

Nathália Lima

Mestre em Economia Florestal com foco em Gestão

Coordenadora Operacional do GT Qualidade Florestal

 

 

 

 

 

Fontes:

365FARMNET. Agriculture 4.0 – ensuring connectivity of agricultural equipment. 2017. Disponível em: <http://www.xn--landtechnik-anschlussfhig-machen 6yc.com/Whitepaper_Agriculture4.0_January2017.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2022.

BONNEAU, V.; COPIGNEAUX, B.; PROBST, L.; PEDERSEN, B. Industry 4.0 in agriculture: Focus on IoT aspects. European Comission, 2017.

D’Amours, S., Ouhimmou, M., Audy, J.-F., & Feng, Y. (Eds.). (2016). Otimização e sustentabilidade da cadeia de valor florestal Boca Raton: CRC Press/Taylor & Francis. http://dx.doi.org/10.1201/9781315371696.

Feng, Y. y J.F. Audy. (2020). Forestry 4.0: aframework for the forest supply chain towardIndustry 4.0. Gestão & Produção, 27(4), e5677.

Gingras, J.-.F., & Charette, F. (2017). FPInnovations’ Forestry 4.0 Initiative. FPInnovations. Retrieved in 2019, July 23, from http://blog.fpinnovations.ca /blog /2017/06/20/forestry-4-0- featured-as-part-of-cif-ifc-e-lecture-series/.

LÓPEZ-GRANADOS, F.; TORRES-SÁNCHEZ, J.; CASTRO, A. I.; SERRANO-PÉREZ, A.; MESAS-CARRASCOSA, F. J.; PEÑA, J. M. Object-based early monitoring of a grass weed in a grass crop using high resolution UAV imagery. Agronomy For Sustainable Development, v. 36, n. 4, p.36-67, 7 nov. 2016b. doi: 10.1007/s13593-016-0405-7.

LÓPEZ-GRANADOS, F.; TORRES-SÁNCHEZ, J.; SERRANO-PÉREZ, A.; CASTRO, A. I.; MESAS-CARRASCOSA, F. J.; PEÑA, J. M. Early season weed mapping in sunower using UAV technology: variability of herbicide treatment maps against weed thresholds. Precision Agric, v. 17, n. 2, p.183-199, 2016a. doi: 10.1007/s11119-015-9415-8.

MASSRUHÁ, S. M. F. S. Tecnologias da informação e da comunicação: o papel na agricultura. AgroANALYSIS, São Paulo, v. 35, n. 9, p. 29-31, 2015.

PRICEWATERHOUSECOOPERS – PWC. (2016). Indústria 4.0: Digitização como vantagem competitiva no Brasil. Disponível em <https://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/servicos/assets/consultoria-negocios/2016/pwc-industry-4-survey-16.pdf>. Acessado em 28 de fev. 2022.

TERUEL, B. J. Controle automatizado de casas de vegetação: Variáveis climáticas e fertigação. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 14, n. 3, p.237-245, 2010.

TREEVIA. O Inventário Florestal na Era Digital. 2019. Disponível em: <https://treevia.com.br/#solucoes>. Acesso em: 20 fev. 2022.